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sábado, 2 de fevereiro de 2008

A questão Judaica

A questão Judaica

León Trotsky 18 de fevereiro de 1937 resposta ao jornal Der Weg

Antes de tratar de responder as suas perguntas, devo adverti-lhe que desgraçadamente não tive ocasião de aprender a língua judia, que se desenvolveu quando eu já era adulto. Não tive, pois, nem tenho possibilidade de acompanhar a imprensa judia, o que me impede de dar uma opinião precisa sobre os diferentes aspectos de um problema tão importante e tão trágico. De modo que minha resposta não pode pretender ter nenhuma autoridade. Com tudo, tratarei de dizer o que penso.

Quando eu era jovem, tinha bastante tendência a predizer que os judeus dos diferentes países se assimilariam e com eles o problema judeu desapareceria quase que automaticamente. Por desgraça, a evolução histórica deste último quarto de século não tem confirmado esta perspectiva. O capitalismo em decadência tem desencadeado por todas as partes um nacionalismo exacerbado cujo um dos aspectos é o anti-semitismo. O problema judeu veio a ser particularmente grave no país mais desenvolvido da Europa, a Alemanha.

De outro lado, os judeus de diversos países criaram a sua própria imprensa e desenvolveram a língua yiddish como instrumento adaptado à cultura moderna. Contudo, é necessário ter em conta o fato de que a nação judia vai manter-se durante toda uma época. Atualmente, de modo geral as nações não podem existir sem um território comum. O sionismo nasceu precisamente dessa idéia. Porém os fatos diários demonstram que o sionismo é incapaz de resolver a questão judia. O conflito entre judeus e árabes na Palestina adquire um caráter cada vez mais trágico e ameaçador. Não creio de nenhum modo que o problema judeu pode resolver-se nos marcos do capitalismo em putrefação e sob o controle do imperialismo britânico.

Porém, me pergunta: como pode resolver esse problema o socialismo? Quando o socialismo for dono de nosso planeta ou ao menos das partes mais importantes, contará com recursos inimagináveis em todos os terrenos. A história da humanidade conheceu a era das grandes migrações sobre a base da barbárie.O socialismo abrirá a possibilidade de grandes migrações sobre as bases da técnica e da agricultura mais desenvolvidas. Não me refiro a de deslocamentos forçosos, nem da criação de novos ghettos para determinadas nacionalidades ou frações de nacionalidades. Os judeus dispersos que queiram reunir-se em uma mesma comunidade terão sob o sol um lugar o bastante amplo e rico. A mesma possibilidade terão os árabes, e todas as nacionalidades dispersas. A topografia nacional formará parte da economia planificada. Tal é a vasta perspectiva histórica que contemplo. Trabalhar pelo socialismo internacional é também trabalhar pela solução do problema judeu.

Pergunta-me se o problema judeu segue existindo na URSS. Sim, existe, como existem os problemas ucraniano, georgiano e mesmo russo. A burocracia onipotente asfixia o desenvolvimento da cultura nacional e da cultura a secas. Pior ainda, o país da grande revolução proletária está atravessando hoje um período de profunda reação. Se a onda revolucionária reviveu o mais belos sentimentos de solidariedade humana, a reação termidoriana tem feito ressurgir todo o baixo, obscuro e atrasado que avia nesse conglomerado de 170 milhões. Para reforçar sua dominação, a burocracia não vacila sequer em recorrer às tendências chauvinistas quase sem dissimulação. Por exemplo, no último processo de Moscou se organizou com o plano nada dissimulado de apresentar os internacionalistas como judeus sem fé nem lei, capazes de vender-se a Gestapo alemã.

Desde 1925 e, sobretudo desde 1926 a demagogia anti-semita, bem camuflada, inexpugnável, vem acompanhada de processos simbólicos contra progromistas declarados. Pergunta-me se a pequena burguesia judia da URSS tem sido assimilada socialmente pelo novo ambiente soviética. Realmente, não posso dar-lhe uma resposta clara sobre esse ponto. As estatísticas sociais e nacionais da URSS são extremamente tendenciosas. Não servem para estabelecer a verdade senão, antes de tudo, para glorificar os chefes, os dirigentes, aos que criam a felicidade.Uma parte importante da pequeno burguesia judia foi absorvida pelos formidáveis aparatos do estado, da indústria, do comércio, das cooperativas, etc., sobretudo as camadas superiores e médias.Este fato tem engendrado uma atmosfera de sentimentos anti-semitas que os dirigentes manipulam habilmente a fim de canalizar particularmente contra os judeus o descontentamento que há contra a burocracia.

Sobre o Birobidjan(1), apenas posso dar-lhe mais que minhas apreciações pessoais. Não conheço essa região e ainda menos as condições que foram estalados nela os judeus.De todo modo, somente pode ser uma experiência limitada. A URSS por si mesma é ainda demasiado pobre para resolver seu próprio problema judeu, mesmo com um regime muito mais socialista do que o atual. Repito, o problema judeu está indissoluvelmente ligado a emancipação completa da humanidade. Todo o restante que pode ser feito nesse terreno não pode ser mais do que um paliativo , e freqüentemente uma arma de dois lados, como demonstra o exemplo da Palestina.

* zona autônoma reservada em 1934 na URSS para que a povoassem os judeus.

Essa é uma tradução minha mesmo, peço por isso justamente a compreensão de todos, porque evidentemente não tenho a compreensão lingüística necessária para uma boa tradução. Do ponto de vista da política fiz o melhor que pude.

Até, abraços do camarada franco machado

Um comentário:

OCA VIRTUAL disse...

é tem que acabar com esse estado Israel, que só serve pra os americano domina o mundo

assinado: um vendedor de tapioca,o palestino e meu amigo mexeu com ele mexeu comigo